Quando recebi o formulário de primeiro atendimento, meus olhos brilharam.
No final, uma observação chamava atenção:
“Sou colecionador de pedras.”
Fiquei curiosa, e confesso, ansiosa para o encontro.
Nada é mais gratificante do que conversar sobre paixões em comum com quem chega para desenvolver um projeto Bespoke.
No dia marcado, ele chegou com uma caixa grande nas mãos.
Abriu com cuidado e, aos poucos, as histórias começaram a se revelar:
“Essa comprei em uma viagem… essa, há mais de vinte anos…”
Cada pedra trazia uma memória única, uma lembrança viva.
A escolha da Opala e o início do desafio
Entre tantas gemas, escolhemos um par de Opalas, quase transparentes e repletas de inclusões douradas, uma beleza rara e frágil.
Era impossível não se encantar.
Desenhei as primeiras ideias, ele aprovou, e seguimos para a produção.
Mas, ao chegar à oficina, vieram os alertas:
“Ela é muito frágil…” diziam o modelista e o cravador.
E eu, convicta:
“Sim, é uma Opala muito inclusa, mas vocês são mestres em desafios. Vamos superar mais esse.”
O imprevisto e o aprendizado
Dias depois, enquanto finalizava outros desenhos, uma das pedras escapou da pinça, bateu na mesa e se partiu.
Fiquei paralisada.
Sabia da importância que aquela pedra tinha, não apenas pelo valor material, mas pelo valor emocional.
E pior: era parte de um par.
De repente, não tínhamos mais nem a pedra, nem o par.
Entrei em contato com ele imediatamente: precisávamos nos encontrar, precisávamos redesenhar o caminho.
Quando o destino ajuda
Acionei todos os meus fornecedores.
Por sorte, ou talvez destino, uma fornecedora respondeu:
“Acho que tenho algo parecido guardado no fundo do estoque, me dá uns dias...”
Dias depois, chegou uma Opala similar, ligeiramente mais corada.
Respirei, parcialmente aliviada.
No encontro seguinte, contei o que havia acontecido.
Ele compreendeu e esse gesto significou muito para mim.
Reformar jóias é sempre um risco
Durante os dias que seguiram, pensei no quanto foi importante a pedra ter quebrado em minhas mãos e não nas do modelista ou do ourives.
Foi meu aprendizado. Minha responsabilidade.
Trabalhar com pedras antigas, remodelar joias e redesenhar histórias é um risco enorme mas, para mim, também é um privilégio.
Nada me realiza mais do que ver uma gema esquecida ganhar nova vida, e uma joia guardada voltar a brilhar em uma versão diferente.
O renascimento da peça
Recriamos o projeto, redesenhamos os caminhos e o resultado foi o Brinco e Anel Maria Helena, um conjunto que, assim como sua dona, une delicadeza e força, elegância e presença.
Porque a vida é feita de desafios.
E, na JS, acreditamos que aprender e superá-los é o que torna cada joia, e cada história, verdadeiramente únicas.
Algumas pedras chegam até nós para nos ensinar sobre paciência, aceitação e a arte de recomeçar com coragem qualquer desafio.
*Todas as pedras de cor fazem parte do acervo pessoal do cliente.
